Para muitos ele é apenas mais um voluntário da Festa de Nossa Senhora da Conceição. Para outros, mais um fiel que se soma aos tantos outros que sobem o Morro da Conceição para rezar, agradecer ou pedir graças. Para ele, "não sou santo, sou apenas mais um pecador, devoto e faço orações". Mas outros tantos se emocionam com as palavras que saem fácil da boca e do coração dele. Palavras que cada um, na solidão dos pedidos, sabe o peso e o valor que elas têm.
O corpo esguio esconde 76 anos de vida, dos quais pelo menos 30 dedica à festa e há 13 transforma oração em conforto aos pés da imagem da santa, localizada no santuário que espera receber um milhão de fieis em 2013.
Ele relata: "trabalho onde me colocarem, mas admito que gosto de fazer orações. Faço isso por causa de graças alcançadas...".
O homem para e não contém as lágrimas. Lágrimas que confessavam uma fé inexplicável e gratidão que mais ninguém poderia alcançar o significado, a não ser ele mesmo.
Jair respirou fundo, arranjou forças e continuou, "uma dessas graças foi a formatura do meu único filho. Ele tem 25 anos e se formou engenheiro elétrico", fala com orgulho e humildade. "Para realizar isso, precisei fazer um empréstimo e mesmo ganhando apenas um salário, consegui alcançar essa graça e concretizar esse sonho".
Camisa com a imagem de Nossa Senhora da Conceição, calça jeans, tênis e uma autoridade que por vezes é questionada, mas Jair responde no auge da sua presença de espírito: "eu não tenho autoridade, mas acho que é melhor abençoar do que amaldiçoar".
Jair Antônio da Silva é um homem de fé, inspirado por Maria, modelo de fé. Ele é boca que fala o que existe no coração, pele negra que reluz, mãos expressivas que acolhem, olhos grandes que confortam, crucifixo no peito que reforça o poder da fé.
Fotos: Ana Paula Valença
